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segunda-feira, 22 de junho de 2015

https://instagram.com/alessandrajardim123/

Sobre chegadas e partidas

Konstantinos Kaváfis é considerado por muitos o maior porta grego dos tempos modernos.
Ele escreveu um belíssimo poema,cujo tema é esse:o adeus e como esse adeus deve ser celebrado.Não com tristeza e sim com alegria.
Marco Antônio,na madrugada que antecedeu à derrota da sua frota pelas forças de Otávio Augusto,acordou no meio da noite com um som de  Thiasus.Interpretou como mau agouro.
O poema celebra a grandeza de saber perder.
Sabia tudo sobre chegadas e partidas.

O DEUS ABANDONA ANTÔNIO

Quando, à meia-noite, de súbito escutares
um tiaso invisível a passar
com músicas esplêndidas, com vozes -
a tua Fortuna que se rende, as tuas obras
que malograram, os planos de tua vida
que se mostraram mentirosos, não os chores em vão.
Como se pronto há muito tempo, corajoso,
diz adeus à Alexandria que de ti se afasta.
E sobretudo não te iludas, alegando
que tudo foi um sonho, que teu ouvido te enganou.
Como se pronto há muito tempo, corajoso,
como cumpre a quem mereceu uma cidade assim,
acerca-te com firmeza da janela
e ouve com emoção, mas ouve sem
as lamentações ou as súplicas dos fracos,
num derradeiro prazer, os sons que passam,
os raros instrumentos do místico tiaso,
e diz adeus à Alexandria que ora perdes.





Leonard Cohen transformou o poema de Kaváfis em música ... Alexandra leaving.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sobre a Segunda-feira,sua feia!

Leia o poema,veja o gif.Basicamente é isso.
"Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.
Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.
É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.
Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.
Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.
E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.
Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança
Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar…
Fazer seu nojo meu…"
(João Cabral de Melo Neto)

sábado, 13 de junho de 2015

Sobre estar junto acompanhado e acompanhado mesmo que sozinho. Porque não vale amar sem amor.

"Feliz dia dos namorados para quem, de fato, tem alguém de verdade; não, isso não é 'recalque', na real eu convivo bem com a minha escolha de estar só, é que não consigo fingir companhia e alegria como muitos casais simulam na tentativa de estarem juntos, mas para aqueles que se complementam, apesar do apelo comercial, feliz dia do plural, da "assustadora rotina a dois", da cumplicidade e da concha fácil em dias difíceis. Já para os casais que vivem de forma paralela, que são dois pela comodidade de ser mais que um, bem, eis uma data perfeita para (re)pensar se não é melhor ser casal de si mesmo do que viver algo sozinho acompanhado." (Eduardo Cabral)