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sábado, 19 de setembro de 2015


Moça crítica uma atração turística.Diz que é simplesmente mais um café(como tantos outros por aí),diz que a paisagem não é lá essas coisas,que o preço dos produtos é caro.Uma critica que é só tipo "nem bom,nem ruim,só não entendi o alarde feito pelo lugar".
A critica da moça vira uma briga épica em determinada rede social.O dono do café,seus colaboradores(funcionários) resolvem bater ponto no post da moça,dando uns argumentos "pavonissimos".Ora,é o ganha pão deles,ganhem seu suado dinheiro,mas não viagem nos argumentos.Até aí,não demais.
Mas a coisa sempre ,sempre pode piorar.Um post muito bom,recebeu críticas boas e ruins,mas sempre tem alguém que vai lá e piora.Algo do tipo "moça mal comida","invejosa","faz tempo que não dá uma".
 ZzzzzzzzZ.
Se for pra entrar em uma conversa,entre com argumentos apropriados.Não é legal dá uma de machista irreverente.É ridículo,no mínimo.Pessoas machistas,melhorem seus argumentos que tá feio!

terça-feira, 21 de julho de 2015

Vai ter muita trança sim!


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. — Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando... — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima... A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe: — Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

                                                           

"As pessoas colocam você tão para baixo,que você começa a acreditar nisso."


"É mai fácil acreditar nas coisas ruins,não acha?"

segunda-feira, 22 de junho de 2015

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Sobre chegadas e partidas

Konstantinos Kaváfis é considerado por muitos o maior porta grego dos tempos modernos.
Ele escreveu um belíssimo poema,cujo tema é esse:o adeus e como esse adeus deve ser celebrado.Não com tristeza e sim com alegria.
Marco Antônio,na madrugada que antecedeu à derrota da sua frota pelas forças de Otávio Augusto,acordou no meio da noite com um som de  Thiasus.Interpretou como mau agouro.
O poema celebra a grandeza de saber perder.
Sabia tudo sobre chegadas e partidas.

O DEUS ABANDONA ANTÔNIO

Quando, à meia-noite, de súbito escutares
um tiaso invisível a passar
com músicas esplêndidas, com vozes -
a tua Fortuna que se rende, as tuas obras
que malograram, os planos de tua vida
que se mostraram mentirosos, não os chores em vão.
Como se pronto há muito tempo, corajoso,
diz adeus à Alexandria que de ti se afasta.
E sobretudo não te iludas, alegando
que tudo foi um sonho, que teu ouvido te enganou.
Como se pronto há muito tempo, corajoso,
como cumpre a quem mereceu uma cidade assim,
acerca-te com firmeza da janela
e ouve com emoção, mas ouve sem
as lamentações ou as súplicas dos fracos,
num derradeiro prazer, os sons que passam,
os raros instrumentos do místico tiaso,
e diz adeus à Alexandria que ora perdes.





Leonard Cohen transformou o poema de Kaváfis em música ... Alexandra leaving.